Uma das maiores preocupações do homem do campo durante o inverno é a qualidade do pasto que será ofertada aos animais, alternativas para evitar o efeito sanfona e não perder sua lucratividade. Pastagens escassas, menor produção de forragem, tudo isso afeta diretamente a nutrição dos bovinos. Mas, para enfrentar esse período de frio e seca, algumas decisões podem ser tomadas, previamente, os suplementos energéticos e proteicos são uma delas. Marcelo Ronaldo Villa, engenheiro agrônomo do Grupo Matsuda, explica: “trabalhamos com produção a pasto, sendo que os gêneros Brachiaria e Panicum, contribuem com o maior percentual das pastagens cultivadas e respondem bem a temperatura, umidade e luminosidade elevadas” diz. Outro fator importante segundo ele: “é que no período do outono e inverno, há uma diminuição no volume de forragem produzida, assim como a qualidade. Quando entra no período mais seco e/ou frio, as condições ideais (temperatura, umidade e luminosidade) para as forrageiras tropicais vegetar diminui, devido a planta fazer menos fotossíntese, consequentemente vegeta menos, então a qualidade dessa forragem fica comprometida, além do volume para ofertar aos animais ficar com qualidade inferior nessa época do ano. Quanto menor a oferta, maior será a dificuldade para o produtor rural manter o rebanho produtivo”, argumenta. Planejar é preciso Segundo ele, é mais recomendado a utilização das braquiárias para fazer o diferimento. “Nós indicamos sempre que no planejamento sejam usadas as braquiárias preferencialmente, e dentre as cultivares existentes no mercado, podemos destacar a MG-4 e a MG-13 Braúna, duas cultivares de (Brachiária brizantha), cultivares com porte mediano, talos mais finos e mais enfolhamento”, avalia. De acordo com o especialista, em uma estrutura de confinamento ou semiconfinamento, não se pode abrir mão de fazer a conservação de forragem plantada exclusiva para essa finalidade, ou aproveitar o excedente de produção de áreas plantadas para pastoreio direto dos animais (devido às chuvas da primavera-verão a luz é bastante intensa e a temperatura elevada, com isso será produzido mais que o rebanho tem capacidade de ingerir diretamente). Para quem utiliza o sistema de ILP, área que estava com lavoura (primavera/verão) e não vai ser trabalhada nesse período, pode ser transformada em área de pastagem com alta qualidade e volume. Nesse caso, não seria necessário diferir uma área de pastagem já implantada, pois essa área com pastagem nova é que vai funcionar como a pastagem diferida e fornecer volumoso em quantidade adequada para os animais no período de maior escassez. Sendo assim, alinhar essas técnicas a uma suplementação mineral adequada, é possível que o animal ganhe peso mesmo no período de inverno. “O produtor terá pastagem com animais ganhando peso, e isso tem motivado cada vez mais os pecuaristas”, revela. Marco Antônio Finardi, médico veterinário do Grupo Matsuda, diz que é durante o período de seca, que acontece um período um tanto quanto crítico, referente a qualidade nutricional dos alimentos que os animais tem à disposição, principalmente quando se fala em pastagem. Ocorre então um decréscimo extremamente alto nos níveis proteicos das forragens em até 50 por cento. Já a oscilação nos níveis energéticos, ficam em torno de 15 a 20 por cento e nos níveis minerais esse decréscimo chega até 80 por cento. Com o decréscimo destes nutrientes nas forragens, principalmente nos valores proteicos no período de seca, a atividade da microbiota ruminal fica comprometida, pois na maioria das situações, os níveis proteicos da dieta encontram-se abaixo de 7%, quantidade mínima para que ainda ocorra uma fermentação eficiente de forragem. Além da queda do valor nutricional, existe também uma maior dificuldade de digestão desses alimentos por parte dos bovinos. “Temos um aumento da parte estrutural da planta, principalmente no teor de lignina, que é um nutriente indigerível para o bovino, dificultando ainda mais o acesso da microbiota aos nutrientes em si”, fala o veterinário. Com isso, aumenta também o tempo de passagem do alimento pelo rúmen. O animal vai comer menos, o que irá se refletir no seu desempenho, com a perda de peso. A utilização de proteína e energia nessa época do ano é extremamente importante, principalmente a proteína para que este nutriente ofertado equilibre os níveis mínimos de proteína disponibilizada para a microbiota e melhore a sua multiplicação e o povoamento ruminal. Aumentado esses microrganismos dentro do rúmen e sua atividade, logicamente ocorrerá uma ação muito melhor frente ao processo de degradação do alimento. “Consumir mais forragem e nutrientes, trará grande vantagem para o bovino em si, já que esse animal vai manter o peso e com possibilidade de apresentar ganho”, assegura Finardi. Ainda de acordo com o veterinário “a associação de uma degradação rápida da ureia com a degradação um pouco mais lenta do farelo e a degradação mais lenta do capim, vai dar tempos diferentes de liberação de nutrientes”. Para ele, esse processo é “muito importante para que a microbiota aproveite todos esses nutrientes, ocorrendo assim, maior multiplicação, maior atividade e maior degradação”, diz. Quando se trata de suplementos minerais ureados (suplemento mineral + ureia), se comparado somente a utilização de suplemento mineral de linha branca, ou seja, só com minerais, é possível fornecer complementação de proteína não verdadeira para a microbiota. Mas, para que se consiga um bom resultado com a utilização de suplementos minerais ureados, é extremamente importante que a oferta de forragem disponível aos animais esteja extremamente seca, uma vez que a ureia é amarga e pode haver diminuição do consumo do suplemento, caso esta forragem ainda não se encontre tão seca. Com a suplementação de minerais, proteína e energia, o pecuarista terá maiores possibilidades e benefícios, e influenciará no resultado final do negócio. |